Entenda o que é a uberização do trabalho e saiba mais sobre esse processo
Nos últimos anos, o investimento em tecnologia nos mais variados setores trouxe grandes mudanças na vida da população, afetando desde o relacionamento entre as pessoas até a forma como os negócios são fechados.
Em 2010, o lançamento de um aplicativo aparentemente simples provocou uma verdadeira transformação no mercado. Trata-se do app Uber, que veio com a proposta de melhorar a mobilidade nas cidades e conectar usuários em busca de viagens a motoristas parceiros em diversas locais do mundo.
Com a popularização do Uber, surgiu um novo conceito que passou a ser utilizado no mercado de trabalho: a uberização. Quer saber mais sobre esse termo e quais são os seus reflexos na vida dos trabalhadores, entre outras informações importantes sobre o assunto? Continue a leitura!
O que significa o conceito de uberização?
Para entender este conceito, é importante compreendermos como funciona o modelo tradicional de trabalho no cenário capitalista, que se configurou durante a Revolução Industrial a partir da segunda metade do século XVIII.
Nesse cenário, as empresas são detentoras dos meios de produção e de todos os elementos necessários para que o trabalho seja executado, como espaço físico, ferramentas e máquinas, por exemplo. Assim, os proprietários das empresas precisam contratar funcionários para utilizar esses recursos e garantir o andamento da produção.
No modelo de trabalho empregado pela Uber, por outro lado, a situação é bem diferente. A empresa não é detentora dos meios de produção, mas tem como papel conectar os motoristas parceiros aos usuários do app, de modo a intermediar o trabalho e facilitar o serviço para ambas as partes.
Com isso, qualquer empresa que siga esse modelo de trabalho está sendo afetada pela uberização, que compreende um processo de informalização. No modelo, há um grande número de trabalhadores informais sendo gerenciados por meios técnicos (no caso da Uber, isso é feito por seu famoso algoritmo).
Nesse cenário, os profissionais atuam sob demanda e sem vínculos empregatícios. Caso a empresa vá à falência, os funcionários podem até perder o emprego, mas continuarão mantendo seus meios de produção — no caso da Uber, seus carros e celulares. Assim, poderão buscar outros negócios que atuam no mesmo ramo e continuar exercendo o trabalho.
Quais as vantagens e desvantagens da uberização?
Assim como qualquer modelo de trabalho, a uberização tem seus prós e contras. Em meio à crise financeira que vem marcando o país nos últimos anos, agravada sobretudo pela pandemia do Coronavírus, o modelo se tornou bastante popular. Não é à toa que, no Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas atuam como motoristas ou entregadores parceiros da empresa.
Com isso, uma das vantagens da uberização é sua capacidade de criar oportunidades para que as pessoas enfrentem a crise. Além disso, o modelo é uma forma de eliminar barreiras entre quem precisa de um serviço e as empresas que precisam de funcionários, tornando a contratação mais simples e menos burocrática.
No entanto, a uberização apresenta diversas desvantagens, o que faz com que o modelo não seja visto com bons olhos por muitas pessoas. Entre eles está a falta de estabilidade no trabalho e de salário fixo, a perda de garantias trabalhistas e a dependência do esforço ativo do trabalho. Além disso, a falta de legislação abre caminho para a precarização do trabalho.
Quais os principais reflexos negativos da uberização do trabalho?
Este modelo de trabalho, apesar de trazer algumas vantagens interessantes, pode não funcionar tão bem na prática caso a empresa não tenha políticas claras e nem busque oferecer benefícios aos seus colaboradores. E é possível perceber essa situação negativa sobretudo nas empresas que empregam profissionais para realizar entregas.
Na teoria, a uberização do trabalho significa que as pessoas podem trabalhar quando e o quanto quiserem, tendo uma maior liberdade em seu dia a dia ao exercer suas funções. O problema é que, na maioria das vezes, isso não acontece.
Na prática, os trabalhadores são reduzidos exclusivamente à sua força de trabalho, o que significa que eles são usados apenas quando a empresa precisa de seus serviços, não havendo nenhuma garantia de trabalho, remuneração mínima ou benefícios. Ou seja, não há margem para negociações.
Isso significa que a liberdade prometida pela uberização, na maioria dos casos, é negada, uma vez que o trabalhador não possui nenhuma garantia. O que vemos é uma grande quantidade de empresas com profissionais atuando de forma informal, sem salários ou horários definidos e em condições precárias de trabalho.
O que os trabalhadores podem fazer frente a esse cenário?
Como você pode perceber, a uberização pode trazer diversos prejuízos aos trabalhadores. Se por um lado o modelo representa uma saída para a falta de oportunidade e a alta do desemprego no país, por outro precariza o trabalho e abre portas para um mercado sem garantias trabalhistas ou empregos permanentes.
Mas, afinal, como os profissionais podem lidar com esse novo modelo e ter seu trabalho protegido? A verdade é que não há uma solução simples para essa questão, mas existem alguns caminhos pelos quais os trabalhadores podem seguir para lidar com a uberização. A seguir, listamos algumas dicas. Confira:
- busque saber o valor do seu trabalho. De nada adianta cobrar um preço muito baixo para ser competitivo se você não tiver retorno financeiro;
- regularize-se e faça seu cadastro como Microempreendedor Individual (MEI);
- faça cursos e busque se especializar cada vez mais no seu trabalho;
- procure outros profissionais na mesma situação que você, que atuam na mesma categoria, e procure se organizar para buscar direitos, propondo ajustes e negociações em conjunto;
- seja organizado ao prestar um serviço e administre bem seus recursos e tempo;
- exija contratos nas empresas em que trabalha sempre que possível. Mesmo que você não tenha sua carteira de trabalho assinada, um contrato de prestação de serviço autônomo já é uma garantia de direitos.
Desde que a Uber se tornou um sucesso em diversos países pelo mundo, a uberização do trabalho se tornou um modelo bastante popular, sobretudo para quem atua com entregas. Por isso, é importante que você seja bastante organizado em seu dia a dia e busque seus direitos, de modo a evitar ser passado para trás ao prestar seu serviço e ter um bom retorno financeiro.
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